Carmen trabalha, desde seus 22 anos, com a criação de bezerros, na fazenda Orvalho das Flores, em Barra do Garças (MT). Começou acompanhando seu tio e, com sua já latente obstinação, não permitiu que a família vendesse as terras, seu primeiro desafio ainda jovem.
Insatisfeita com o sistema vigente na propriedade – considerado bruto demais por ela à época – agora, Carmen levantava a bandeira e assumia o compromisso de buscar alternativas lucrativas, porém respeitosas para com a vida dos animais, como ela mesma explica: “Quando eu tinha 22 anos, eu tive o privilégio de ouvir a voz da terra e isso me fez começar um movimento de transformação e de evolução da minha fazenda”.
Enfrentando a família e a própria equipe, ela se manteve fiel aos seus princípios e à sua convicção de que era viável ter uma produção baseada no respeito às pessoas, aos animais e à natureza. Os desafios começavam a se multiplicar.
Foi quando encontrou a ciência do bem-estar animal e também o professor Mateus Paranhos da Unesp de Jaboticabal. Sabia que, além de cumprir um dever para com seus próprios valores, esse sistema atenderia também a demanda de consumidores conscientes como ela mesma.
Carmen sabia que ali estava a sua missão e, por meio dos ideais do bem-estar animal, ela conseguiria deixar sua marca no mundo “Nos últimos dez anos, o que as pessoas mais me perguntam é como eu transformei tudo isso por meio do bem-estar dos animais”, comenta a pecuarista. O trabalho foi árduo e gradual: dia após dia, de “manejo em manejo”, com calma, foi vencendo etapas e construindo sua história que inspira muitos produtores.
Hoje se dedica trabalhando diariamente em técnicas que promovam o bem-estar das pessoas que trabalham com ela e dos animais criados na propriedade. Podemos citar como exemplo as últimas pesquisas, que estão sendo feitas sobre a massagem em bezerros, logo no nascimento, criando uma conexão positiva logo nos primeiros dias de vida.
Além dos resultados concretos que Carmen obtém em sua propriedade, o impacto de seus esforços podem ser sentidos com outros produtores que se sensibilizaram com os ideais dela “O legal, é que muitos, ao ouvirem a minha história, também começaram suas próprias jornadas de transformação”, comemora nossa protagonista.